Caros paroquianos, temos o prazer de estar aqui hoje com vocês para compartilhar algumas reflexões sobre o rosto contemporâneo da fé entre os jovens em nossas paróquias italianas. A participação de crianças e adolescentes na vida paroquial na Itália é um aspecto fundamental de seu crescimento espiritual e religioso. Desde a mais tenra infância, as crianças são envolvidas em atividades litúrgicas e catequéticas, incluindo a preparação para os sacramentos, a primeira confissão e a comunhão. Durante esses anos, a paróquia se torna um lugar de formação e conexão, onde as crianças não apenas aprendem os princípios da fé cristã, mas também o valor da comunidade e da oração. Os adolescentes são então convidados a participar de momentos de reflexão que os acompanham em sua jornada rumo à Crisma. Este sacramento representa a transição para uma fé mais consciente, na qual os jovens se sentem chamados a testemunhar sua pertença à Igreja de forma pessoal e responsável. A preparação para a Crisma é frequentemente enriquecida por reuniões em grupo, momentos de serviço comunitário e atividades que os ajudam a fortalecer sua conexão com Deus e com os outros. Acompanhar os jovens através dos sacramentos não se limita, portanto, a um aspecto formal, mas busca torná-los protagonistas ativos de sua fé. A paróquia torna-se, assim, um espaço onde, juntamente com padres, catequistas e educadores, eles podem experimentar a vida cristã, desenvolvendo valores como solidariedade, respeito e amor ao próximo, ao mesmo tempo em que adquirem uma compreensão mais profunda de sua própria espiritualidade.
Nos últimos anos, tem-se observado um crescente distanciamento dos jovens da vida da Igreja, fenômeno que reflete diversas questões estruturais e culturais. Muitos jovens se sentem desconectados e não representados pelas práticas e mensagens tradicionais da paróquia. Esse desalinhamento é acentuado por uma crise vocacional que afeta todos os aspectos da vida eclesial: dos padres aos catequistas e educadores. Outro obstáculo é o próprio sistema paroquial, muitas vezes rígido e pouco inclusivo, especialmente para aqueles que ainda não fazem parte de um contexto familiar ativo. No entanto, é possível encarar essas dificuldades com uma perspectiva positiva e proativa. A situação atual pode ser uma oportunidade para redescobrir e revitalizar um modelo de Igreja mais inclusivo para todos.
É essencial que as paróquias invistam na superação de rigidez e barreiras, adotando formas mais modernas de diálogo e participação que não excluam, mas sim incentivem o envolvimento dos jovens. Precisamente neste momento desafiador, a possibilidade de uma Igreja mais flexível, atenta às reais necessidades dos jovens e às suas formas de interagir com a fé, pode tornar-se um farol de esperança. As paróquias devem tornar-se lugares onde a fé seja vivida autenticamente, mesmo fora das normas tradicionais, onde cada jovem possa sentir-se acolhido e encorajado a caminhar ao lado dos outros, sem se sentir julgado ou marginalizado.
Confiemos este caminho ao Espírito para que a fé não se apague,
mas sim se renove, vivida com alegria e esperança. Obrigado.