Paolo Cugini
No Conselho Pastoral das comunidades, que aconteceu
sábado 10 de fevereiro 2024 na comunidade de são Sebastiao, coloquei na pauta
algumas reflexões que ando fazendo depois da leitura de alguns documentos da
Igreja do Brasil. Estas reflexões tem como objetivo de estimular o debate nos
conselhos pastorais das comunidades para melhorar sempre mais a nossa vida litúrgica
e comunitária.
O primeiro texto remonta ao 1989: Animação da vida litúrgica
no Brasil (Documento 43 da CNBB). Este Documento foi o fruto de uma
pesquisa que a Dimensão Litúrgica da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do
Brasil) realizou a partir do 1983, para avaliar o sentido das celebrações litúrgicas
que estavam acontecendo nas Comunidades Eclésias de base (CEBs). O objetivo
desta pesquisa era de: “refletir, agora e de modo abrangente, sobre a
dimensão celebrativa, que tem aspecto profético e transformador e é a alma de
todas as outras” (n.2). Pela CNBB a celebração dominical é a fonte da vida eclesial
e espiritual da comunidade. A tomada de consciência que uma significativa
percentagem das comunidades católicas do Brasil não tem a possibilidade de
celebrar uma missa, o documento visa esclarecer o sentido da celebração da
Palavra.
“Na celebração da Palavra o Cristo se faz verdadeiramente
presente, pois é ele mesmo que fala quando se leem na Igreja as Sagradas
Escrituras. Além de sua presença na Eucaristia, eventualmente distribuída, está
também, na assembleia, pois prometeu estar entre os seus que se reúnem em seu
nome (Mt 18,20)” (n.95).
Na análise do documento é importante a formação dos
ministros que celebram a Palavra com o povo para não criar confusão na mente
dos fiéis:
“Não confundimos nunca estas celebrações com a
Eucaristia. Missa é missa. Celebração da Palavra, mesmo com a distribuição da
Comunhão, não deve levar o povo a pensar que se trata do Sacrifício da missa. É
errado, por exemplo, apresentar oferendas, proclamar a Oração Eucarística,
rezar o Cordeiro de Deus, e dar a benção própria dos ministros ordenados”
(n. 98).
A pergunta que entra na nossa cabeça, nessa altura do
discurso, poderia ser esta: como celebrar em ausência de Padre no domingo de uma
forma clara sem confundir o povo?
Vem ao nosso encontro para nos ajudar um documento
recente da CNBB, o número 108, publicado no 2019 com o seguinte título:
Ministério e celebração da Palavra. No parágrafo 114 ele afirma:
Para valorizar a diversidade dos ministérios, a mesma
pessoa não deveria desempenhar mais de uma função. Assim, na Celebração da
Palavra, na medida do possível, um deveria ser o que dirige, outro o leitor,
outro o que distribui a Sagrada Comunhão, outro o que dirige o canto e assim
por diante. A Constituição Sacrosantum Concilium orienta com toda clareza: Nas
celebrações litúrgicas, limite-se cada um, ministro ou simples fiel, exercendo
o seu ofício, a fazer tudo e só o que é de sua competência, segundo a natureza
do rito e as leis litúrgicas
(SC, n.28).
Foi a partir destas leituras que contém as indicações
dos Bispos do Brasil que, conversando com os coordenadores pastorais das nossas
comunidades, partilhei algumas sugestões. Se é viável que a mesma pessoa não
desempenhe mais de uma função para se valorizarem as diversidades de ministérios
e carismas, então a celebração da Palavra nas nossas comunidades poderia ser
organizada desta forma:
- dirige a celebração deveria ser o
Coordenador de comunidade, que já exerce esta função na comunidade e, assim, na
celebração, se torna visível a sua função.
- Leitores: pessoas adultas da comunidade (seria melhor que
fosse já crismados)
- Homilia: ministro da Palavra
- Preces: espontâneas (algumas é bem que
a equipe litúrgica as prepare)
- Preparação da mesa eucarística e distribuição
da Eucaristia: ministro extraordinário da Eucaristia.
- Avisos da comunidade: poderia ser alguém do Conselho
pastoral da comunidade.
O coordenador da liturgia da comunidade tem a
responsabilidade de reunir as pessoas durante a semana, ler juntos as leituras
do domingo sucessivo e assim preparar a celebração do domingo.
Esta é a partilha que fiz sábado a noite. Mais uma
vez: é somente uma minha reflexão pensando ao bem das comunidades depois da
leitura destes documentos da Igreja do Brasil. Quem deveria tomar algumas
decisões, a meu ver, é o conselho pastoral de cada comunidade e depois
partilhar com o Conselho Pastoral das comunidade. Que tudo seja sempre feito em
harmonia e paz.