Tema: O desafio das crises
Canto inicial
Saudação e motivação do padre
Leituras bíblicas: 2 Cor 11, 21-29; Salmo 21 Lc 22,39-46
Papa Francisco, Amoris Laetitia 232-238:
A história duma
família está marcada por crises de todo o género, que são parte também da sua
dramática beleza. É preciso ajudar a descobrir que uma crise superada não leva
a uma relação menos intensa, mas a melhorar, sedimentar e maturar o vinho da
união. Não se vive juntos para ser cada vez menos feliz, mas para aprender a
ser feliz de maneira nova, a partir das possibilidades que abre uma nova etapa.
Cada crise implica uma aprendizagem, que permite incrementar a intensidade da
vida comum ou, pelo menos, encontrar um novo sentido para a experiência
matrimonial. É preciso não se resignar de modo algum a uma curva descendente, a
uma inevitável deterioração, a uma mediocridade que se tem de suportar. Pelo
contrário, quando se assume o matrimónio como uma tarefa que implica também
superar obstáculos, cada crise é sentida como uma ocasião para chegar a beber,
juntos, o vinho melhor. É bom acompanhar os cônjuges, para que sejam capazes de
aceitar as crises que lhes sobrevêm, aceitar o desafio e atribuir-lhes um lugar
na vida familiar. Os casais experientes e formados devem estar dispostos a
acompanhar outros nesta descoberta, para que as crises não os assustem nem os
levem a tomar decisões precipitadas. Cada crise esconde uma boa notícia, que é
preciso saber escutar, afinando os ouvidos do coração. Perante o desafio duma
crise, a reacção imediata é resistir, pôr-se à defesa por sentir que escapa ao
próprio controle, por mostrar a insuficiência da própria maneira de viver, e
isto incomoda. Então usa-se o método de negar os problemas, escondê-los, relativizar
a sua importância, apostar apenas em que o tempo passe. Mas isto adia a solução
e leva a gastar muitas energias num ocultamento inútil que complicará ainda
mais as coisas. Os vínculos vão-se deteriorando e consolida-se um isolamento
que danifica a intimidade. Numa crise não assumida, o que mais se prejudica é a
comunicação. Assim, pouco a pouco, aquela que era «a pessoa que amo» passa a
ser «quem me acompanha sempre na vida», a seguir apenas «o pai ou a mãe dos
meus filhos», e por fim um estranho. Para se enfrentar uma crise, é necessário
estar presente. É difícil, porque às vezes as pessoas isolam-se para não
mostrar o que sentem, trancam-se num silêncio mesquinho e enganador. Nestes
momentos, é necessário criar espaços para comunicar de coração a coração. O
problema é que se torna ainda mais difícil comunicar num momento de crise, se
nunca se aprendeu a fazê-lo. É uma verdadeira arte que se aprende em tempos
calmos, para se pôr em prática nos tempos borrascosos. É preciso ajudar a
descobrir as causas mais recônditas nos corações dos esposos e enfrentá-las
como um parto que passará e deixará um novo tesouro. Mas, nas respostas às
consultações realizadas, assinalava-se que, em situações difíceis ou críticas,
a maioria não recorre ao acompanhamento pastoral, porque não o sente
compreensivo, próximo, realista, encarnado. Por isso, procuremos agora
debruçar-nos sobre as crises conjugais com um olhar que não ignore a sua carga
de sofrimento e angústia. Há crises
comuns que costumam verificar-se em todos os matrimónios, como a crise ao
início quando é preciso aprender a conciliar as diferenças e a desligar-se dos
pais; ou a crise da chegada do filho, com os seus novos desafios emotivos; a
crise de educar uma criança, que altera os hábitos do casal; a crise da
adolescência do filho, que exige muitas energias, desestabiliza os pais e às
vezes contrapõem-nos entre si; a crise do «ninho vazio», que obriga o casal a
fixar de novo o olhar um no outro; a crise causada pela velhice dos pais dos
cônjuges, que requer mais presença, solicitude e decisões difíceis. São
situações exigentes, que provocam temores, sentimentos de culpa, depressões ou
cansaços que podem afectar gravemente a união. A estas crises, vêm juntar-se as
crises pessoais com incidência no casal, relacionadas com dificuldades
económicas, laborais, afectivas, sociais, espirituais. E acrescentam-se
circunstâncias inesperadas, que podem alterar a vida familiar e exigir um caminho
de perdão e reconciliação. No próprio momento em que procura dar o passo do
perdão, cada um deve questionar-se, com serena humildade, se não criou as
condições para expor o outro a cometer certos erros. Algumas famílias sucumbem,
quando os cônjuges se culpam mutuamente, mas «a experiência mostra que, com uma
ajuda adequada e com a acção de reconciliação da graça, uma grande percentagem
de crises matrimoniais é superada de forma satisfatória. Saber perdoar e
sentir-se perdoado é uma experiência fundamental na vida familiar». «A
fadigosa arte da reconciliação, que requer o apoio da graça, precisa da
generosa colaboração de parentes e amigos, e, eventualmente, até duma ajuda
externa e profissional». Tornou-se frequente que, quando um cônjuge sente que
não recebe o que deseja, ou não se realiza o que sonhava, isso lhe pareça ser
suficiente para pôr termo ao matrimónio. Mas, assim, não haverá matrimónio que
dure. Às vezes, para decidir que tudo acabou, basta uma desilusão, a ausência
num momento em que se precisava do outro, um orgulho ferido ou um temor
indefinido. Há situações próprias da inevitável fragilidade humana, a que se
atribui um peso emotivo demasiado grande. Por exemplo, a sensação de não ser
completamente correspondido, os ciúmes, as diferenças que podem surgir entre os
dois, a atracção suscitada por outras pessoas, os novos interesses que tendem a
apoderar-se do coração, as mudanças físicas do cônjuge e tantas outras coisas
que, mais do que atentados contra o amor, são oportunidades que convidam a
recriá-lo uma vez mais. Nestas
circunstâncias, alguns têm a maturidade necessária para voltar a escolher o
outro como companheiro de estrada, para além dos limites da relação, e aceitam
com realismo que não se possam satisfazer todos os sonhos acalentados. Evitam
considerar-se os únicos mártires, apreciam as pequenas ou limitadas
possibilidades que lhes oferece a vida em família e apostam em fortalecer o
vínculo numa construção que exigirá tempo e esforço. No fundo, reconhecem que
cada crise é como um novo «sim» que torna possível o amor renascer reforçado,
transfigurado, amadurecido, iluminado. A partir duma crise, tem-se a coragem de
buscar as raízes profundas do que está a suceder, de voltar a negociar os
acordos fundamentais, de encontrar um novo equilíbrio e de percorrer juntos uma
nova etapa. Com esta atitude de constante abertura, podem-se enfrentar muitas
situações difíceis. Em todo o caso, reconhecendo que a reconciliação é
possível, hoje descobrimos que «se revela particularmente urgente um ministério
dedicado àqueles cuja relação matrimonial se rompeu».
Momento de silencio
Canto de meditação
Breve cochicho em grupinhos: como nós enfrentamos as crises?
Partilha
Canto
Avisos
Pai nosso
Benção final
Canto finale